"Mia Couto selecionou, de entre publicação dispersa por jornais e revistas ao longo de anos recentes, estes trinta e oito contos.
Cada novo encontro com a sua escrita significa uma viagem a que não apetece pôr termo. A intensidade das personagens, a multiplicidade de registos, a coexistência do fantástico e do sobrenatural com a tradição, a cultura e a vivência do dia a dia, a capacidade de efabulação e a oralidade que transforma a palavra escrita em puro som, são portos a que acostamos e que nunca desvendamos por completo. Façamos escala em «Fosforescências», «O último ponto cardeal», «O fazedor de luzes». «Os amores de alminha», «Os gatos voadores»; tomemos o rumo de «As cartas», «O escrevido»; «Ave e nave»; voguemos ao sabor de «A multiplicação dos filhos», «As lágrimas de Diamantinha», «O amante do comandante»; deixemos que as ondas nos levem até «Rosita»; e mergulhemos profundamente nas águas, agitadas às vezes, tranquilas outras, do imaginário inesgotável de Mia Couto."
Fotografia da minha autoria - Na berma de nenhuma estrada de Mia Couto, Livro |
Opinião:
Um livro de fábulas bem curtinhas. Rápidos de se ler e com histórias capazes de partir e sarar o nosso coraçãozinho no folhear de página a página. Na berma de nenhuma estrada descreve como nos sentimos ao longo de cada fábula narrada: umas vezes mais perto de cair e outras vezes, com força para continuar neste imaginário tão rico. Conta-nos passo a passo bem devagar de forma a podermos tirar proveito de cada palavra, de cada história.
Confesso que este livro já se encontra na minha estante há um bom par de anos. Comprei-o numa promoção e fiquei curiosa ao pegar num livro de fábulas. Para além da primária não me lembrava da última vez que tinha lido algo deste género pelo que não hesitei muito e trouxe-o comigo. No entanto, este livro só começa a fazer sentido a partir de uma certa idade ou então a partir de uma certa maturidade.
Não é o tipo de livro que se pega e se lê tudo num dia. É o tipo de livro que fica na nossa estante por 1 ou 2 semanas até o terminarmos de ler. Ou por outras palavras, até interiorizarmos cada fábula. E, foi um livro que me teletransportou n de vezes para outros mundos, vidas e corpos.
Classificação: 4 estrelas.