sábado, 14 de maio de 2022

A Civilização do Espetáculo de Mario Vargas Llosa | Livros

Sinopse:


"A banalização das artes e da literatura, o triunfo do jornalismo sensacionalista e a frivolidade da política são sintomas de um mal maior que afeta a sociedade contemporânea: a ideia temerária de converter em bem supremo a nossa natural propensão para nos divertirmos.


No passado, a cultura foi uma espécie de consciência que impedia o virar as costas à realidade. Agora, atua como mecanismo de distração e entretenimento.


A figura do intelectual, que estruturou todo o século XX, desapareceu do debate público. Ainda que alguns assinem manifestos e participem em polémicas, o certo é que a sua repercussão na sociedade é miníma. Conscientes desta situação, muitos optaram pelo silêncio.


A Civilização do Espetáculo é uma duríssima radiografia do nosso tempo e da nossa cultura, pelo olhar inconformista de Mario Vargas Llosa."


Género: Ensaios, Não Ficção, Filosofia.


Data de Publicação: 2012.


Páginas: 219.


Editor: Quetzal.


Avaliação no Goodreads: 3.87.


Fotografia da minha autoria - A Civilização do Espetáculo de Mario Vargas Llosa | Livros

Opinião:

Não lia um bom livro de não ficção há algum tempo. Além disso, aborda temas que não podiam estar mais chegados ao meu gosto literário, desde a literatura, à cultura e às artes.

O que quer dizer civilização do espetáculo? A de um mundo onde o primeiro lugar na tabela de valores vigente é ocupado pelo entretenimento e onde divertir-se, fugir ao aborrecimento, é a paixão universal.

É o primeiro livro que li do autor, Mario Vargas Llosa, mas posso já dizer que o livro: "Conversas em Princeton" já se encontra na minha lista de próximas livros a comprar. Este autor foi uma boa descoberta e sei que também tem romances pelo que a minha curiosidade está ao rubro.

estão de acordo em que a cultura atravessa uma crise profunda e entrou em decadência.

Neste livro, encontramos ensaios fascinantes e apesar, de nem sempre concordar com o escritor, fiquei radiante com a sua escrita, os seus pensamentos e ainda, por não ser um leitor ou intelectual passivo. Escolhe conversar sobre o facto de poucas pessoas ainda lerem e ainda menos no formato físico e também sobre o jornalismo sensacionalista, que no fundo não são realmente notícias.

Querer fugir do vazio e da angústia provocados pelo sentir-se livre e obrigado a tomar decisões como o que fazer de si mesmo e do mundo que nos rodeia - sobretudo se este enfrenta desafios e dramas - é o que atiça essa necessidade de distração, o motor da civilização em que vivemos.

Escreve também sobre a arte. A arte de ninguém querer perder tempo. A arte de ninguém querer se dedicar a um projeto a médio, longo prazo. A arte da velocidade da luz com que os nossos olhos se perdem num zipping de canais porque não perdemos tempo a dar oportunidades ou porque não perdemos tempo para nos fascinarmos por um mundo onde a realidade não é o cenário principal.

Quando ele acabou a sua conferência, não me aproximei para o cumprimentar nem para lhe recordar os tempos idos da nossa juventude, quando as ideias e os livros nos exaltavam e ele ainda acreditava que existíamos.

Recomendo muito esta leitura. Podem também não concordar com todos os pontos de vista deste autor em todos os assuntos, mas vale muito a pena ler.

Classificação: 5 estrelas.

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