Os Anos de Chumbo e Outros Contos de Chico Buarque | Livros

Sinopse:

"Uma jovem que  vai à praia com o tio e acaba por ir longe demais. Um grande artista alvo de sabotagem. Dois irmãos em conflito. Uma mulher que perdeu tudo. Um homem que passeia por Copacabana com Pablo Neruda e outros notáveis. Um fã fervoroso da escritora Clarice Lispector. Um casal numa primeira viagem que tem tudo para dar errado. Um lar incendiado pela traição.

Imersos na atmosfera muito particular da ficção de Chico Buarque - marcada pelo sagaz poder de observação e pelo contraste entre o lírico e o cómico -, os contos que compõem este volume ilustram a sordidez e o patético da condição humana. São oito narrativas em que o sexo, a perversidade, o desalento e o delírio compõem um surpreendente labirinto de vidas cruzadas.

O impressionante domínio da linguagem do autor é posto ao serviço da concisão da forma e da denúncia da barbárie do presente: a estreia de Chico Buarque no conto é arrebatadora."

Género: Contos.

Ano de Publicação: 2021.

Páginas: 168.

Editora: Companhia das Letras.

Avaliação no Goodreads: 3.83.

Crédito - Os Anos de Chumbo e Outros Contos de Chico Buarque | Livros

Opinião:

A conta de instagram - Literacidades - propôs lermos até 14 de dezembro um ou mais livro do autor, Chico Buarque. O(s) títulos seriam de nossa escolha e, no chat de instagram partilhei que ia ler: Os Anos de Chumbo e Outros Contos. Um livro que já tinha curiosidade em ler. Alinhou-se a oportunidade e, hoje partilho com vocês a minha opinião.

Dois meninos andando em cima de uma superbandeira do Brasil, pintada no asfalto da nossa rua, eis a primeira recordação que tenho dos meus primos de Campos.

Gostei de ser teletransportada até ao Brasil mais especificamente para a vivência nos bairros repletos de pobreza onde as crianças brincam de forma inocente porque não lhes foi apresentada outra realidade ou tão pouco uma oportunidade de crescerem com conforto, livros, segurança e, em alguns casos amor.

Com o tempo, fui perdendo a inocência de sonhar com artistas, e a vida me levou a paragens distantes de Copacabana.

O autor consegue suavizar os momentos mais pesados quando o quer, no entanto, é um livro com uma linguagem muito transparente e honesta sobre como é viver no brasil. São oito contos de histórias de personagens que tanto rodeiam a comédia pelo lado absurdo do ser humano até às ações mais infelizes que (não) temos.

Francamente, eu acreditava que Neruda fosse falar de poesia quando me dispus a lhe apresentar a noite de Copacabana. Mas ele parecia cansado de ser Pablo Neruda e, sem paciência para jornalistas e fotógrafos que o aguardavam na calçada da avenida, me pediu para sairmos por uma portab lateral.

Em especial gostei dos contos: Passaporte e Copacabana. Se um aborda o pensamento de um grande artista a tentar compreender os olhares de esgueira bem como uns murmúrios que ouve e a sua respetiva conclusão da situação que se encontra, o outro lida exatamente com a desilusão de não ser um artista. Saliento particularmente a noção de se conseguir ser aquilo que mais se deseja e o de não conseguir concretizar o que se almeja.

Era grande a possibilidade de dar tudo errado, mas ela disse que eu não tinha nada a perder.

Todavia, os que me arrebataram foram: Meu Tio e, Anos de Chumbo. São contos que abordam temas mais pesados e, que requer uma especial atenção para os detalhes que o escritor nos conduz. Ilumina as ações mais sombrias das pessoas e, também a não ação.

Pelo que pude depreender, meu pai lidava com prisioneiros de guerra, criminosos que tinham sangue de verdade nas mãos.

Não é o género literário que mais leio, mas espero que no próximo ano as minhas escolhas recaíam um bocadinho mais nos contos. Sinto que são leituras para ler conjuntamente com outros títulos e, são também relativamente rápidas de se ler.

Classificação: 4 estrelas.