Agatha Christie: edição ou censura? de Cátia Vieira | Artigos que Valem a Pena Ler |
Recentemente, a autora: Cátia Vieira, escreveu um artigo para o gerador.eu em que partilha a sua opinião acerca da edição de uma obra literária ou da censura sobre a mesma. A respeito do politicamente correto, da sensibilização das palavras e temas, valerá a pena reeditar uma ou outra palavra de um livro ou chegar até mesmo o censurar?
Não há dúvida que a linguagem pode ser ofensiva e até perigosa, mas no espaço democrático não deveria haver lugar para alterar ou banir uma obra.
No regime salazarista, o lápis azul era o mais temido entre os escritores portugueses. Não só porque lhes retiravam a liberdade para escrever como lhes negavam em absoluto os temas que pretendiam abordar. Essa evocação do passado, fala-nos hoje da prisão literária vivenciada e de como a cultura era constantemente censurada.
Quando reflectimos sobre a censura no meio artístico, é de notar que este cuidado em acomodar os padrões sociais da actualidade reside essencialmente na área literária. Não se repintam quadros ou se editam filmes.
Hoje procurar-se-á o mesmo? Ao editarmos o trabalho de alguém estamos a alterar conforme o queremos, inteiramente ao nosso gosto. Mas, essa obra, independentemente do valor literário, quer queiramos quer não, já não será a mesma.
Enquanto mulher e feminista, não quero que as passagens misóginas sejam re-escritas. Quero lê-las e até sublinhá-las para não me esquecer de onde viemos e saber para onde temos de ir.
Partilho da mesma opinião que a Cátia Vieira, e, acredito que grande parte da sociedade que reconhece a essência e a importância de qualquer projeto artístico para o desenvolvimento pessoal e cultural, também concordará.
O poder da democracia reside no poder do cidadão.
Negarmos palavras frias e cheias de ódio, não negará os atos que diariamente ainda existem atrás delas. Abolirmos de um livro, temas que achamos ríspidos, não irá educar o mundo para como o ser melhor. No fundo, acho uma balbúrdia, um atentado à cultura e, à liberdade de como se a cria.
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