"A liberdade, muitas vezes, acaba por sobreviver graças a espaços tão apertados quanto o lava-loiças de um fotógrafo. Esta é a história, baseada num episódio real (passado com os avós do autor), de um pintor eslovaco que nasceu no final do século XIX, no império Austro- Húngaro, que emigrou para os EUA e voltou a Bratislava e que, por causa do nazismo, teve de fugir para debaixo de um lava-loiças."
Género: Romance.
Ano de Publicação: 2011.
Páginas: 176.
Editora: Editorial Caminho.
Avaliação no Goodreads: 4.02 ⭐⭐⭐⭐
Imagem da minha autoria - O Pintor Debaixo do Lava-loiças de Afonso Cruz | Livros |
Opinião:
Desde novembro que tenho uma grande vontade em conhecer livros de autores portugueses. Acredito que a falta de aposta dos leitores portugueses neste nicho de mercado literário acaba por condicionar o trabalho dos escritores. Pelo menos na parte em que os seus direitos sobre os livros são poucos comparativamente a outros mercados estrangeiros.
É por isso que estou a contar esta história. Porque são as coisas que estão dentro de nós e em que ninguém repara quando nos olha.
Assim, tenho aos poucos escolhendo descobrir o que há cá dentro de tão bom. Afonso Cruz foi um dos primeiros escritores dos quais me aventurei a ler e "O Pintor Debaixo do Lava-loiças" mostra exatamente o tesouro português.
Só somos felizes quando já não sentimos os sapatos nos pés.
Numa escrita poética, conhecemos neste livro, a história de Jozef Sors. Um pintor que na realidade se chama Ivan Sors e do qual o escritor tentou dar luz sobre a sua vida neste livro. Um homem que vivia para desenhar olhos fechados e olhos abertos.
Os pensamentos dele eram desenhos. Era a sua maneira de estar na vida, a sua maneira de crescer.
É uma pequena janela para a vida de um pintor eslovaco que os seus avós ajudaram a sobreviver no tempo da segunda guerra mundial onde a caça aos judeus eram o alvo do nazismo. Através de Afonso Cruz vivemos um pouco do escrutínio, da presseguição, mas também da coragem.
as estrelas são as flores do céu
Sors vivia só para pintar. Mas, no fim tentou também viver pelas flores ou os frutos que podem nascer de uma árvore. Não compreendo exatamente a pintura ou a necessidade de passar a vida a desenhar, mas acho-a semelhante à escrita e à leitura. Isto das artes, vive-se como se nos estivesse dentro da pele.
O mundo inteiro puxa-nos para baixo, mas as mãos de quem gosta de nós atiram-nos para o alto.
Sucintamente, gostei muito de conhecer a escrita e a capacidade de Afonso Cruz em escrever narrativas tão poéticas com a simplicidade das palavras. Agora é partir em busca de conhecer todo o seu restante trabalho.
Classificação: 5 ⭐⭐⭐⭐⭐
Sem comentários:
Enviar um comentário