terça-feira, 13 de dezembro de 2022

Essa Gente de Chico Buarque | Livros

Sinopse:


"Um escritor decadente enfrenta uma crise financeira e afetiva enquanto o Rio de Janeiro colapsa à sua volta. Tragicomédia urgente, o novo romance de Chico Buarque é a primeira obra literária de vulto a encarar o Brasil do agora.


Há alguns pontos de contato entre Chico Buarque e o protagonista de Essa gente, seu primeiro livro após a consagração do prêmio Camões. O escritor Manuel Duarte tem esse sobrenome de perfil vocálico idêntico, e gosta de bater perna nos arredores do Leblon. Contudo, o leitor logo descobre que isso conduz a um dos muitos becos sem saída da trama.


Autor de um romance histórico que se tornou best-seller nos anos 1990, Duarte passa por um deserto criativo e emocional, tendo por pano de fundo um Rio de Janeiro que sangra e estrebucha sob o flagelo de feridas sociais finalmente supuradas, ostensivas.


Com estrutura de diário, a reflexão sobre a linguagem ― marca da ficção buarquiana ― parte agora do apontamento rápido, artimanha para auxiliar a memória quando for possível dar sentido ao tumulto do presente. Ao seu melhor estilo, Chico Buarque borra as fronteiras entre vida, imaginação, sonho e delírio, e constrói uma narrativa engenhosa, em cujas entrelinhas se descortinam as contradições de um país fraturado."


Género: Literatura, Romance.


Ano de Publicação: 2019.


Páginas: 200.


Editora: Companhia das Letras.


Avaliação no Goodreads: 3.65.


Essa Gente de Chico Buarque  | Livros

Opinião:


Depois da leitura de "Os Anos de Chumbo e Outros Contos" de Chico Buarque (podem ler a opinião aqui) embarquei na leitura de "Essa gente" do mesmo autor. Não só porque fiquei fã da escrita de Chico Buarque como pela curiosidade em ler outras publicações.
Como deve ser do seu conhecimento, passei ultimamente por diversas atribulações: separação, mudança, seguro-fiança para o novo apartamento, despesas com advogados, prostatite aguda, o diabo.

Essa gente conta a história do escritor, Duarte, que depois de um dos seus romances ter virado best-seller se debate com uma crive criativa ao mesmo tempo que as contas vão chegando e as suas relações estão igualmente numa fase complicada.
Não preciso ver para saber que pessoas se jogam de viadutos, que urubus estão à espreita, que no morro a polícia atira para matar. Apesar de tudo, assim como venero a mulher incauta que me deu à luz, estarei condenado a amar e cantar a cidade onde nasci.

Acompanhamos, portanto, a sua vida a sofrer uma enorme virada ao mesmo tempo que o seu país enfrenta uma crise social. Chico Buarque aproveitou este livro para nos fazer chegar o seu testemunho ainda que em ficção do estado que Brasil se encontrava à data.
Nos quiosques de Ipanema em que parava para tomar um coco, cada tipo com quem me entretinha podia servir de inspiração para um futuro personagem; mesmo sujeitos que nunca abriram um livro podiam entrar no meu.

O ponto menos bom deste livro é o facto de capítulo a capítulo as datas se alternarem tornando a leitura ligeiramente mais confusa para o leitor menos organizado. No entanto, creio que se consegue perceber o desenrolar da história mesmo com o retorno ao passado e às suas outras memórias.

Deixemos, portanto, o pianista com seu acorde perfeito a soar no silêncio da sala.

Gostei de ler sobre um autor com um bloqueio criativo, porque acho necessário abordarmos este tema atualmente já que a criatividade é o ganha-pão de muita boa gente. E, quanto mais conseguirmos compreender que não existem estipulações para este fluir de criação é igualmente notório que a carreira nesta área poderá sempre encontrar o seu rumo.


Classificação: 3 estrelas.

1 comentário:

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