sábado, 11 de fevereiro de 2023

O Dicionário das Palavras Perdidas de Pip Williams | Livros

Sinopse:

"Em 1901, descobriu-se que faltava a palavra “escrava” no Dicionário de Inglês Oxford. Esta é a história da menina que a roubou.

Esme nasceu num mundo de palavras. Órfã de mãe e irreprimivelmente curiosa, passa a infância no Scriptorium, um barracão de jardim em Oxford onde o pai e um grupo de lexicógrafos dedicados selecionam palavras para o primeiro Dicionário de Inglês. Esme acompanha tudo a partir do seu lugar, debaixo da mesa, sem ser vista nem ouvida. Um dia, um pedaço de papel contendo a palavra “escrava” cai ao chão. Esme apanha-o e esconde-o na velha caixa de madeira da sua amiga, Lizzie, uma jovem criada de servir na casa grande. Esme começa a reunir outras palavras do Scriptorium, palavras descartadas ou negligenciadas pelos homens do dicionário. Palavras que a ajudam a entender o mundo.

Com o passar do tempo, Esme percebe que certas palavras são consideradas mais importantes do que outras, e que as que se relacionam com as experiências das mulheres acabam muitas vezes excluídas.
Como surgiram os primeiros dicionários? Quem selecionava as palavras?

E porque é que algumas palavras eram consideradas mais importantes do que outras? Pip Williams conta-nos esta história numa narrativa envolvente que é também uma maravilhosa história de amor.

É com o movimento sufragista feminino no auge e a Grande Guerra a aproximar-se a passos largos que se desenrola a ação de O Dicionário das Palavras Perdidas: uma narrativa escondida nas entrelinhas de uma história escrita por homens. Inspirada em factos reais, Pip Williams mergulhou nos arquivos do Dicionário de Inglês Oxford para contar esta história. O Dicionário das Palavras Perdidas é uma celebração deliciosa, lírica e profundamente instigante das palavras e do poder da linguagem para moldar o mundo."

Género: Romance.

Ano de Publicação: 2022.

Editora: Porto Editora.

Páginas: 424.

Avaliação no Goodreads: 4.07. ⭐⭐⭐⭐

Fotografia da minha autoria  - O Dicionário Das Palavras Perdidas de Pip Williams | Livros


Opinião:

Por fim, um desejo literário se realizou: ser membro do The Characters Club. É um grupo de leitura conjunta no instagram e do qual uma vez membro, fazes parte do diálogo sobre o livro do mês no discord.

Mantém-te ocupada - nunca é de mais apontar os benefícios de um dia cheio de trabalho para uma mente ansiosa ou um coração solitário.

Digo por fim, porque desde que o clube foi criado que fazia parte da lista de espera. E, esse tão aguardado momento chegou. A proposta de leitura era a de ler: "O Dicionário das Palavras Perdidas" de Pip Williams. Confesso, que tinha ouvido falar muito bem, mas não era um livro que se encontra na minha tbr.

Algumas palavras são mais importantes do que outras - aprendi isto enquanto crescia no Scriptorium. Mas demorei muito tempo a perceber porquê.

Porém, foi daquelas surpresas literárias positivas. E, ainda bem que o li e, que tive a oportunidade de fazer parte nesse processo de partilha de opiniões. Demorei exatamente uma semana a ler. Tem um ritmo médio e, a história convida-nos aos poucos a conhecer melhor as personagens. Cada vez com mais desenvolvimento e curiosidade pelo que se segue.

Pensei em todas as palavras que tinha recolhido, de Mabel e de Lizzie e de outras mulheres: mulheres que arranjavam peixe ou cortavam tecidos ou limpavam as casas de banho das senhoras em Magdalean Street.

Encontrei neste livro muito mais do que achava que ia descobrir. Foi, portanto, um bom achado. Repleto de temas e planos históricos interessantíssimos. Como por exemplo: o aparecimento das primeiras sufragistas e suffragettes e, com isso as primeiras ações públicas de reivindicação do direito ao voto enquadrado no despoletar da primeira guerra mundial. Ao mesmo tempo que, Essy ou Es ou Essymay (dependendo da pessoa que a abordar) e a nossa protagonista principal traz para o foco de luz igualmente outras personagens literárias de relevo e importância histórica e literária.

Era um homem do povo, não um académico, mas havia qualquer coisa nele que eu não conseguia pôr em palavras.

Tinha mais camadas do que as que supunha e, mais qualidade de conteúdo do que a minha primeira impressão. Acompanhamos Essy ainda menina escondida debaixo da mesa de classificação do pai a apanhar a palavra - escrava - que voou até às suas mãos no scrippy ou scriptorium. Um aparente lugar improvisado para os trabalhadores encarregues de encontrar palavras e o seu significado com o objetivo de criar o Dicionário Inglês de Oxford. Uma aparente perda subtil revista num futuro lugar de peso. 

Se eu lesse as cartas da primeira até à última, elas contariam a história do seu namoro, mas sabia que a história tinha um fim triste. Fechei a caixa sem abrir uma única carta.

Escrava foi a primeira palavra que salvou da poeira de estantes e de olhares e mãos que ignorem a sua relevância, mas houve uma antes que tentou salvar e muitas outras que vai guardar na mesa de Lizzie, a sua melhor amiga e escrava da família Murray.

Acho que vem de desgosto - disse Mabel. - Daquilo que perdemos e daquilo que nunca tivemos nem nunca teremos. Como eu disse, é coisa de mulheres. 

Presenciamos a aglomeração de palavras e significados ao longo da vida de Es. As que procura sempre escrever para não serem esquecidas. Compreendemos o valor de algumas, e outras que ainda não chegou o momento de as sentirmos na boca. Mas chegamos mais perto de as sentir nesta história. 

As palavras não tinham fim. Não havia fim para o que elas significavam, nem para as formas como tinham sido usadas. As histórias de algumas palavras eram tão antigas que a forma como as entendíamos agora não passava de um eco original, uma distorção.

Que boa jornada pelas palavras, pela existência da feminilidade nos significados e vozes de mulheres ignoradas por uma sociedade basculante de homens. Salvas por alguém que confiou no intimo do seu coração. Ditte é outro nome que vão querer conhecer e uma mulher que nos abraçou do esquecimento. 

Classificação: 5 ⭐⭐⭐⭐⭐

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