quinta-feira, 6 de julho de 2023

O Ensaio Sobre a Cegueira de José Saramago | Livros

Sinopse:


"Um homem fica cego, inexplicavelmente, quando se encontra no seu carro no meio do trânsito. A cegueira alastra como «um rastilho de pólvora». Uma cegueira coletiva.

Romance contundente. Saramago a ver mais longe. Personagens sem nome. Um mundo com as contradições da espécie humana. Não se situa em nenhum tempo específico. É um tempo que pode ser ontem, hoje ou amanhã. As ideias a virem ao de cima, sempre na escrita de Saramago. A alegoria. O poder da palavra a abrir os olhos, face ao risco de uma situação terminal generalizada. A arte da escrita ao serviço da preocupação cívica.


Caligrafia da capa por Chico Buarque."


Género: Literatura Portuguesa, Clássico.


Ano de Publicação: 2015.


Editora: Porto Editora.


Páginas: 346.


Avaliação no Goodreads: 4.63 


Fotografia da minha autoria - O Ensaio Sobre a Cegueira de José Saramago | Livros

Opinião:


Voltei a render-me à escrita, à imaginação e à capacidade de nos envolvermos com as personagens que só José Saramago nos sabe contar tão bem na língua materna. Desde que descobri o autor nas aulas de português com o Memorial do Convento e, parti para As Intermitências da Morte com toda a seguridade e carinho. Agora, debrucei-me sobre O Ensaio Sobre a Cegueira e foi: paixão à primeira vista (desculpem, mas não resisti).
Para sempre, não, para sempre é sempre demasiado tempo,


Neste livro, conhecemos um mundo onde quem tem olho é rei (palavras de saramago) e, o verdadeiro luxo é a capacidade de vermos o que vai nos olhos de alguém. Quando um dos protagonistas fica cego ficamos preocupados pela razão invisível por trás. No entanto, a nossa preocupação inicial intensifica-se quando nos apercebemos que se trata de uma espécie de pandemia, onde ninguém está a salvo.
Ouviram-se gritos na camarata ao lado, depois fez-se silêncio, se alguém chorava fazia-o baixinho, o choro não atravessa paredes.

O Governo começa logo a criar regras de isolamento onde enviam as pessoas já diagnosticadas com a cegueira e as pessoas que estão suspeitas de desenvolver num antigo manicómio vigiado pelo exército. Onde a alimentação distribuída é contada até à última migalha, onde a falta de higiene e de condições sanitárias torna-se um horror e, por fim, onde o companheirismo é o que alimenta uns aos outros.
Já lá dizia o outro que na terra dos cegos quem tem um olho é rei,

É um romance imperdível. E, apesar de já saber que Saramago tinha dois bons livros escritos, e que é um dos autores mais idolatrados pelos portugueses e estrangeiros, eu ainda me surpreendi com o seu talento de nos contar sobre o que a falta de visão leva as pessoas a fazer e a não fazer. Entendo também o porquê de ser o preferido de toda a gente. Li este livro em dois dias e ainda estou a processar com todo o carinho sobre este mundo de cegos de visão e, por vezes, de sentimentos.
Uma das cegas perguntou, rindo, Da tarde, ou da madrugada, e foi como se o riso lhe doesse.

É o terceiro livro que leio de José Saramago e, cada vez que acabo um dos seus livros sinto que quero continuar esta jornada literária pelos seus outros livros. É um dos maiores legados da cultura portuguesa e, entendo perfeitamente o fascínio e admiração pelo seu génio literário. 

Classificação:⭐⭐⭐⭐

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