A Arte de Ler: ou como resistir à adversidade? de Michèle Petit | Livros

Sinopse:

«Aquele livro me deu a força necessária para enfrentar a virada decisiva de minha vida, aceitar que eu não era mais o mesmo, suportar sê-lo com meus amigos que não compartilhavam o que eu pensava e que tive que enfrentar para defender minha nova maneira de ver a vida...»

"O depoimento acima, de um jovem morador de um dos bairros mais pobres de Bogotá, na Colômbia, é apenas um entre as dezenas de testemunhos sobre a importância da literatura - tomada aqui num sentido amplo, que inclui histórias em quadrinhos e relatos orais, além dos gêneros tradicionais da poesia, do conto e do romance - na formação do sujeito, e o papel que ela desempenha em contextos de crise.

Comentando experiências de mediadores de leitura em contextos adversos, especialmente em países da América Latina, entre eles o Brasil, neste A arte de ler a antropóloga francesa Michèle Petit amplia os temas e aprofunda as análises de seu Os jovens e a leitura, publicado em 2008 pela Editora 34. Com um olhar interessado e uma sólida bagagem intelectual, investiga as diferentes maneiras pelas quais a forma narrativa pode atuar como educadora da sensibilidade, ao mesmo tempo em que se afirma como um poderoso instrumento de resistência ao caos interior e à exclusão social."

Género: Não Ficção.

Ano de Publicação: 2008.

Páginas: 304.

Editora: Editora 34.

Avaliação no Goodreads: 4.37 ⭐⭐⭐⭐

Crédito - A Arte de Ler: ou como resistir à adversidade? de Michèle Petit | Livros

Opinião:

De vez em quando intercalo um livro de não ficção no meio das minhas leituras mensais. Não só para incluir mais um género literário ao me aventurar por novos livros como também para não descurar livros bons por serem de géneros diferentes aos que pontualmente leio.

Primo Levi recitava Dante a seu amigo Pikolo, em Auschwitz.

A Arte de Ler de Michèle Petit veio parar no meu Kobo e foi um livro que me fez companhia por um tempo nas viagens de metro até ao trabalho. Foi, inclusive, uma boa descoberta. Lemos vários testemunhos de leitores e de como o poder dos livros e a leitura como um prazer reorientou o rumo das suas vidas.

Os livros lidos ajudam algumas vezes a manter a dor ou o medo à distância, transformar a agonia em idéia e a reencontrar a alegria.

O autor traz sobretudo perspetivas de jovens socialmente exluídos e que independentemente da razão, começaram a nutrir um gosto por ler e pela vontade de conhecer um mundo a que podem pertencer. Temos vários exemplos ao longo do livro de pessoas que escolheram partilhar como foram salvas pela literatura. 

Diz-se que os dois primeiros medos, pré-humanos, estão relacionados à solidão e à escuridão.

Nós leitores, já sabemos o quão transformador pode ser um livro e, estamos sempre em busca de leituras que nos deixem num estado de ataraxia, de puro êxtase. Portanto, é compreensível que muitos outros também encontrem nas histórias momentos de liberdade, de coragem e de refúgio.

Classificação: 3 ⭐⭐⭐