Sinopse:
"Uma parábola sobre os tempos atuais, por um de nossos maiores pensadores indígenas.
Ailton Krenak nasceu na região do vale do rio Doce, um lugar cuja ecologia se encontra profundamente afetada pela atividade de extração mineira. Neste livro, o líder indígena critica a ideia de humanidade como algo separado da natureza, uma "humanidade que não reconhece que aquele rio que está em coma é também o nosso avô".
Essa premissa estaria na origem do desastre socioambiental de nossa era, o chamado Antropoceno. Daí que a resistência indígena se dê pela não aceitação da ideia de que somos todos iguais. Somente o reconhecimento da diversidade e a recusa da ideia do humano como superior aos demais seres podem ressignificar nossas existências e refrear nossa marcha insensata em direção ao abismo.
"Nosso tempo é especialista em produzir ausências: do sentido de viver em sociedade, do próprio sentido da experiência da vida. Isso gera uma intolerância muito grande com relação a quem ainda é capaz de experimentar o prazer de estar vivo, de dançar e de cantar. E está cheio de pequenas constelações de gente espalhada pelo mundo que dança, canta e faz chover. [...] Minha provocação sobre adiar o fim do mundo é exatamente sempre poder contar mais uma história."
Desde seu inesquecível discurso na Assembleia Constituinte, em 1987, quando pintou o rosto com a tinta preta do jenipapo para protestar contra o retrocesso na luta pelos direitos indígenas, Krenak se destaca como um dos mais originais e importantes pensadores brasileiros. Ouvi-lo é mais urgente do que nunca.
Ideias para adiar o fim do mundo é uma adaptação de duas conferências e uma entrevista realizadas em Portugal, entre 2017 e 2019."
Género: Não ficção, Filosofia, Antropologia, Ecologia, Sociologia e Meio ambiente.
Ano de Publicação: 2017.
Páginas: 71.
Editora: Companhia das Letras.
Avaliação no Goodreads: 4.25.
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Crédito - Notas para adiar o fim do mundo de Ailton Krenak | Livros |
Opinião:
Na reta final de 2022 não poderia deixar de ler este livro do qual tinha imensa curiosidade. Não só pelo título ser bastante apelativo e interessante como também pela premissa que o autor, Ailton Krenak, nos propõe refletirmos.
como é que, ao longo dos últimos 2 mil ou 3 mil anos, nós construímos a ideia de humanidade?
Ailton Krenak, é um pensador indígena prestigiado no meio acadêmico que se insere, mas também pelas conquistas que tem tido ao longo da sua carreira quer como ativista quer como escritor (e ainda entre outras valências que tem). Já por aí gostei de acompanhar esta premissa do ponto de vista ambientalista, mais humano e, no fundo com mais respeito pelo mundo que habitamos.
Como justificar que somos uma humanidade se mais de 70% estão totalmente alienados do mínimo exercício de ser?
Associa muito a natureza a pessoas e, justifica-o dizendo que somos todos parte do universo e, portanto, é absolutamente normal acreditarmos também na energia que provém do meio ambiente e que se reflete consequentemente no tratamento que concedemos (ou não).
Nosso tempo é especialista em criar ausências: do sentido de viver em sociedade, do próprio sentido da experiência da vida. Isso gera uma intolerância muito grande com relação a quem ainda é capaz de experimentar o prazer de estar vivo, de dançar e de cantar. E está cheio de pequenas constelações de gente espalhada pelo mundo que dança, canta e faz chover.
Explora também um bocadinho o período Antropoceno, da existência e aceitação da diversidade e respetiva inclusão. De como todos podemos nos tornarmos mais humanos se ao menos (re)significarmos o planeta.
E a minha provocação sobre adiar o fim do mundo é exatamente sempre poder contar mais uma história. Se pudermos fazer isso, estaremos adiando o fim do mundo.
É um grande pensador indígena brasileiro e, com esta experiência de leitura tão rica espero brevemente ler outros títulos do autor e, desenvolver melhor o que de forma sucinta o escritor nos faz refletir. Este livro é o resultado de duas palestras e uma entrevista conferidas entre os anos 2017 e 2019 em Portugal.
Classificação: 4 estrelas.